sexta-feira, 12 de setembro de 2008

FRANCISCO AUGUSTO CORREIA LIMA

Município onde a atuação política destaca-se como o principal elemento informador do seu processo civilizatório, Lavras da Mangabeira, a exemplo de outras comunas interioranas, nunca deixou de nos revelar uma história onde a presença do domínio oligárquico alcançou um dos seus mais lúcidos momentos de edificação.
Ali, pelo período de mais de um século, o poder serviu aos interesses dos Augustos, sendo, no decurso de várias gerações, disputado a nível das relações familiares, quer pacificamente ou pelo império da força, ou mesmo por via de transmissão hereditária, mesmo em que isso se constituísse em desobediência à ordem política estabelecida.
A grande maioria dos coronéis gerada por essa ambiência domiciliar vem de muito sendo cultuada como expressão de autoritarismo, principalmente pela projeção que alcançou a louvação das suas bravuras e vinditas.
Entretanto, em Lavras um coronel houve cujo padrão de honorabilidade em muito diverge do modelo usual de comportamento dos demais coronéis que, no âmbito municipal lavrense, instalaram a sua base de sustentação.
Francisco Augusto Correia Lima, filho de Fideralina Augusto Lima e do Major Ildefonso Correia Lima, ao mesmo tempo que pode ser tido como uma das mais expressivas figuras da história política de Lavras da Mangabeira, pode igualmente ser arrolado como uma expressão acabada de intelectual, de homem cujas virtudes assomam como exemplo de coerência e obstinação e como testemunho de fidelidade à causa da transformação da sociedade lavrense.
Nasceu ele em Lavras da Mangabeira, aos 27 de fevereiro de 1869, e faleceu na mesma cidade, aos 15 de setembro de 1952, onde, certamente, deve ter tomado o contato com as primeiras letras.
Vocacionado para o aprendizado humanístico, desde muito jovem transferiu-se para Fortaleza, aqui matriculando-se no Liceu do Ceará, onde concluiu os estudos secundários e realizou alguns preparatórios. Posteriormente, orientado pelo seu irmão Dr. Ildefonso Correia Lima, ultimou a sua transferência para o Rio de Janeiro, ali ingressando, mediante prévia seleção, no Curso de Bacharelado de Ciências e Letras do tradicional Colégio Pedro II, sendo naquele estabelecimento de ensino aluno do renomado filósofo brasileiro Carlos Laet, de quem herdou o gosto pela erudição e pelo cultivo do francês e do idioma pátrio.
Regressando ao Ceará, residiu por algum tempo em Fortaleza, indo se fixar posteriormente em sua terra natal, onde viria a se destacar pela excelente performance política e pelos decantados arroubos da sua vasta e polimorfa inteligência.
Com efeito, em reconhecimento aos seus predicados cívicos e morais, por Decreto de 29 de outubro de 1898, referendado por Carta Patente de 20 de julho de 1899, do então Presidente da República Dr. Manoel Ferraz de Campos Sales, seria nomeado para o posto de Tenente-Coronel Comandante do 28.º Batalhão da Infantaria da Guarda Nacional da Comarca de Lavras da Mangabeira.
Em sua terra de berço, além de comandante de milícias da reserva do exército, destacou-se como político e orador vigoroso, ali igualmente exercendo o ofício de professor, de Juiz Municipal Suplente e de Promotor Público da Comarca, e as funções do cargo de Advogado Provisionado e chefe da edilidade municipal, no período de 06 de setembro a 09 de novembro de 1920.
Conhecido latinista e estudioso profundo da língua francesa, além da militância política desempenhou as atividades de agricultor e pecuarista, bem como a de oráculo das facções oposicionistas reinantes no Município.
Em Lavras fez frontal oposição ao mandonismo político então imperante, colocado-se sempre ao lado das mais avançadas iniciativas da comunidade, mesmo tendo que ferir as aspirações dos mais poderosos representantes do situacionismo local.
O Coronel Francisco Augusto Correia Lima casou-se, em primeiras núpcias, com Josefa de Morais Lima (Sinhá), nascida em Lavras da Mangabeira, aos 24 de agosto de 1871, e falecida na mesma cidade, aos 03 de setembro de 1907, e, em segundas núpcias, com Luíza Rolim de Morais, igualmente lavrense, nascida aos 19 de março de 1875 e falecida aos 20 de maio de 1950, filhas, ambas, de Manoel Carlos de Morais e de Dona Josefa Rolim de Morais.
Seu centenário de nascimento foi solenemente comemorado em Lavras da Mangabeira, aos 27 de fevereiro de 1969, oportunidade em que o seu nome foi aposto em uma das ruas da sua cidade de berço. Na oportunidade, coube ao escritor Raimundo de Amora Maciel, genro do homenageado, e membro da Academia Cearense de Letras, a incumbência de proferir a oração oficial, assinaladora do evento, ao qual compareceram grande ajuntamento de pessoas do povo, autoridades, amigos e familiares do pranteado lavrense.

Fonte: MACEDO, Dimas. Lavrenses Ilustres. p, 53.






JOAQUIM AUGUSTO LIMA

Filho de Fideralina e Major Idelfonso Correia Lima, casou-se com sua prima Maria Augusto Lima, filha do Cel. Simplício Carneiro de Oliveira e Dulcéria Augusto de Oliveira. Foi suplente de Juiz Municipal da Comarca de Lavras da Mangabeira e Promotor Público.
Fonte: AUGUSTO, Rejane. Lavras da Mangabeira - Um Marco Histórico. p, 17.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

JOSEFA AUGUSTO DE SABÓIA.

Filha de Fideralina Augusto Lima e Major Idelfonso Correia Lima, casada com Dr. Gilberto Ribeiro de Sabóia, Juiz de Direito, um dos fundadores da Faculdade de Direito do Amazonas em cujo capital desempenhou seu cargo de Juiz Federal.
Fonte: AUGUSTO. Rejane. Lavras da Mangabeira - Um Marco Histórico. p, 17.

VICÊNCIA AUGUSTO ROLIM.


Filha de Fideralina Augusto Lima e Major Idelfonso Correia Lima, casada com Luís Gonçalves de Sousa Rolim.
Fonte: AUGUSTO, Rejane. Lavras da Mangabeira - Um Marco Histórico. p, 17.

JOANA AUGUSTO LEITE.



Filha de Fideralina e Major Idelfonso Correia Lima, casada com Luís Leônidas de Lacerda Leite, paraibando de Pombal, suplente de Juiz Municipal da Comarca de Lavras da Mangabeira.
Fonte: AUGUSTO, Rejane. Lavras da Mangabeira - Um Marco Histórico. p, 17.

MARIA AUGUSTO PINTO NOGUEIRA.

Filha de Fideralina Augusto Lima e Major Idelfonso Correia Lima, casada com João Ferreira Antero em primeiro matrimonio, e com João Pinto Nogueira em segundo matrimônio, ambos natural de Icó.
Fonte: AUGUSTO, Rejane. Lavras da Mangabeira - Um Marco Histórico. p, 17.

GUSTAVO AUGUSTO LIMA.

Chefe político de grande prestígio, alto comerciante e agricultor abastado, um dos mais prestigiosos homens do Sul do Estado, nasceu Gustavo Augusto Lima em Lavras da Mangabeira, aos 23 de agosto de 1861. Filho da destemida e famanaz D. Fideralina Augusto Lima e do Major Ildefonso Correia Lima.
Como o avô e como a mãe, nasceu o menino Gustavo um exemplo perfeito de temperamento político, sobressaindo, assim, o maior entre todos os políticos da oligarquia implantada pela família em Lavras da Mangabeira e que perdurou por mais de um século.

Casado com sua prima Joana Augusto Lima, filha do Cel. Simplício Carneiro de Oliveira e Dulcéria Augusto de Oliveira.
Aprendeu as primeiras letras em sua terra natal e posteriormente foi concluir o seu aprendizado humanístico em Cajazeiras, na Paraíba, no tradicional Colégio do Padre Inácio de Sousa Rolim. Mas sentindo-se vocacionado para a política, regressou à cidade de Lavras da Mangabeira, onde viria a exercer o cargo de Coletor das Rendas Provinciais do Município e o de Membro do Conselho de Intendência Municipal, sendo, já em começos do presente século, nomeado Delegado Municipal do Partido Republicano Conservador.
Gustavo Augusto Lima foi uma figura ímpar na política cearense da sua época. Filiado ao Partido Republicano Conservador do Ceará, “comandava e dispunha de um terço do eleitorado cearense”. Conhecido pela sua pertinácia política, participou com grande contingente de homens para o êxito da Revolução de 1914 que derrubou o governo Franco Rabelo no Ceará.
Membro da Primeira Companhia do Batalhão da Guarda Nacional da Comarca de Lavras da Mangabeira, por patente de 07 de outubro de 1889, em substituição a Tomaz Duarte Aquino, em 26 de novembro de 1907, ajudado pela sua mãe D. Fideralina Augusto Lima, derrubou do poder local seu irmão Tenente-Coronel Honório Correia Lima, assumindo, dessa forma, a chefia da Intendência e o poder político supremo de Lavras da Mangabeira, cujo Município administrou como quis.
Posteriormente, eleito Deputado à Assembléia Legislativa do Ceará, nas legislaturas de 1915 a 1916, de 1917 a 1920 e de 1921 a 1923, o Cel. Gustavo Augusto Lima foi por esse tempo Líder do Governo na Assembléia, Presidente da mesma Assembléia e Vice-Governador do Ceará, tendo exercido cumulativamente a função de prefeito municipal de Lavras, nomeado por ato de 21 de março de 1914, cujo exercício efetivo não assumiu, pois há muito era feito senhor absoluto. No cargo de prefeito efetivou-se na legislatura municipal de 1916 a 1920, revestindo sempre as características do mandonismo e tomando partido nas disputas que sacudiram as estruturas políticas do Ceará do seu tempo.
Senhor de extensos domínios territoriais e políticos, tem sua presença assegurada na história do mandonismo que abalou as estruturas do Ceará, nas primeiras décadas deste século, principalmente pela sua resistência ao ataque à cidade de Lavras da Mangabeira, por cento e cinqüenta homens comandados por Joaquim Vasques Landim, aos 07 de abril de 1910, defendendo violentamente o burgo ameaçado pelo império dos maiores coronéis do Cariri e consolidando, assim, a sua posição perante os mais diversos segmentos da vida política e administrativa do Ceará.
O Cel. Gustavo Augusto Lima, representando o Município de Lavras da Mangabeira, fez-se igualmente partícipe do famigerado Pacto dos Coronéis, assembléia política realizada na então Vila de Juazeiro do Norte, sob os auspícios do Padre Cícero Romão Batista, aos 04 de outubro de 1911, sendo, no ato, representado pelo seu filho, Coronel João Augusto Lima.
Apesar de seu prestígio político e do cargo de Deputado Estadual que ocupava, o Cel. Gustavo Lima foi alvejado a tiros de revólver, na Praça do Ferreira, em pleno centro comercial de Fortaleza, a 28 de janeiro de 1923, vindo a falecer a 01 de fevereiro, na Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, sendo sepultado no Cemitério São João Batista desta cidade. É vastíssima a crônica histórica que se tem escrito em torno de sua pessoa e do seu assassinato. Embora alguns vejam mistério em sua morte, como o escritor Gustavo Barroso, o certo é que ela foi um reflexo de acontecimentos ocorridos em Lavras da Mangabeira aos 09 de janeiro de 1922.
Fonte: MACEDO, Dimas. Lavrenses Ilustres. p, 45.







ILDEFONSO CORREIA LIMA.

Nasceu Ildefonso Correia Lima na então Vila de São Vicente Férrer das Lavras, no dia 7 de julho de 1860. Filho do Major Ildefonso Correia Lima e de D. Fideralina Augusto Lima.
Aprendeu as primeiras letras em sua terra natal, indo posteriormente estudar no Seminário Episcopal do Crato, de onde se transferiu para o Liceu do Ceará, em Fortaleza, onde esteve matriculado até 1879, quando seguiu para o Rio de Janeiro, em cuja Faculdade de Medicina se formou, em 1855. Perante a congregação de citada Faculdade, aos 28 de setembro do mesmo ano da formatura, defendeu tese intitulada “Dos Progressos Recentes na Operação de Litotrícia”, obtendo, dessa forma, o título de Doutor em Medicina.
Ainda como estudante, militou na imprensa carioca e teve ativa participação no seio da juventude estudiosa de então. Na corte foi colega de república e amigo particular de Rodrigues Alves e Afonso Pena, que mais tarde conduziriam os destinos políticos da nação. Posteriormente, quando Afonso Pena desempenhava o cargo de Presidente da República, perante o mesmo desfrutou imenso prestígio, a ponto de, este último, em passagem pelo Ceará, dever-lhe visita especial nos longínquos sertões de Quixadá, onde se encontrava à procura de saúde.
Ildefonso Correia Lima, desde a juventude, possuiu o carisma da liderança política e um potencial elevado de inteligência. Interno Extranumerário do Hospital de Misericórdia da Corte, em 1882 e, por concurso, interno de 2.ª e 1.ª classe do mesmo hospital, em 1883, 1884 e 1885. Igualmente por concurso, Ajudante de Anatomia Topográfica e Operações da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Relator da Comissão Cirúrgica do Ginásio Acadêmico e Sócio Honorário e Vice-Presidente do Grêmio dos Internos dos Hospitais da Corte.
Em Fortaleza possuiu imensa clientela que abandonou por algum tempo para ingressar na política partidária, sendo eleito Deputado Provincial no biênio de 1886 a 1887 e Deputado Estadual para o período de 1892 a 1893. Por duas legislaturas, representou o Ceará na Câmara Federal. Nessa fase de sua atividade política, pertencendo à falange católica, prestou relevantes serviços à causa da religião e da família brasileira, mormente na questão do divórcio. Chefe do Partido Republicano Conservador Cearense durante vinte anos. Orador de nomeada e médico de renome, no Congresso Nacional demonstrou notáveis qualidades de parlamentar e foi profícua a sua atuação, brilhando como tribuno tanto quanto como médico.
Outrossim, juntamente com outras figuras de destaque do meio cearense, fundou o Partido Católico do Estado do Ceará, oficialmente instalado em Fortaleza aos 8 de julho de 1890, cuja primeira diretoria integrou. Pertenceu ao Centro Republicano e, ao lado de Antônio Pinto Nogueira Aciolly, Agapito dos Santos e outros políticos de expressão da época, foi responsável pela fundação da secção cearense do Partido Republicano Federal, legalmente constituído na capital cearense a 1.º de junho de 1892. No Ceará foi ainda responsável pela fundação do Partido Federalista.
Posteriormente abandonou a política e entregou-se a profundos estudos, sendo, por nomeação de 31 de março de 1894, feito Professor Catedrático de Física e Química do Liceu do Ceará, que chegou a dirigir, interinamente, por designação de 10 de janeiro de 1896.
Jornalista de renome e cientista, publicou os seguintes trabalhos: Dos Progressos Recentes na Operação de Litotrícia – Rio – Tipografia Oliveira – 1885; Congresso Nacional – discurso parlamentar – Fortaleza, Tipografia Studart – 1897; Discurso – que pronunciou como paraninfo dos bacharelados de Ciências e Letras do Liceu do Ceará – Fortaleza – Tipografia Cruzeiro do Norte – 1909; e Física de Éter – Fortaleza – Tipografia Cruzeiro do Norte – 1912.
Envolveu-se com a questão religiosa de Juazeiro e, por designação do alto comando do clero cearense, foi escolhido em nome da mais atualizada ciência da época para oferecer juízo em torno dos supostos milagres ali ocorridos, atestando a sobrenaturalidade dos fatos.
Vítima de tuberculose, faleceu em Fortaleza aos 28 de fevereiro de 1911, sendo sepultado no Cemitério São João Batista desta cidade. Em seu testamento, que se encontra no Arquivo Público, legou Cr$ 1.000.000 para a Obra das Vocações Sacerdotais, tendo sido, desta forma, o iniciador desse movimento no Ceará, como observa Hugo Victor Guimarães.
Seu nome, com justa razão, é arrolado por alguns historiadores como um dos que mais se pontificiaram nas ciências médicas no Ceará, em todos os tempos. É o Dr. Ildefonso Correia Lima, cronologicamente, o primeiro médico nascido em Lavras da Mangabeira.
O Dr. Ildefonso Correia Lima é apontado por Leonardo Mota, no seu livro A Padaria Espiritual, como fundador, em Lavras da Mangabeira, de uma secção de um famoso Gabinete Cearense de Leitura. Mas ali, para Joaryvar Macedo, teria ele fundado, em 1884, o Club Literário Lavrense. Talvez ainda tangenciando o assunto, o Barão de Studart, nas suas Datas e Fatos Para a História do Ceará, informa que aos 11 de janeiro de 1885 foi inaugurada, em Lavras, uma biblioteca com o título de Clube Literário Familiar Lavrense, criada a 29 de maio de 1884. Ainda com respeito ao assunto, ver o nosso artigo “Notas Para a História da Literatura Lavrense”, publicado no n.º 28 da revista Itaytera, órgão do Instituto Cultural do Cariri.

Fonte: MACEDO, Dimas. Lavrenses ilustres. p, 43.

HONÓRIO CORREIA LIMA.

Nasceu na Vila de São Vicente das Lavras, aos 23 de julho de 1855. Filho do Major Ildefonso Correia Lima e de Dona Fideralina Augusto Lima.
Não chegou aos bancos dos seminários e nem tampouco às instituições superiores de ensino, porém na terra natal aprendeu o suficiente para habilitar-se nas lides da profissão que abraçou como herança dos seus maiores – a política. Casado com sua prima legítima, Petrolina Augusto Lima, filha do Cel. Simplício Carneiro de Oliveira e Dulcéria Augusto de Oliveira (Pombinha).
Abastado agricultor e criador em seu município de origem, chefe político de largo prestígio, filiado ao Partido Liberal no antigo regime imperial, nas eleições municipais de 1888 foi o vereador mais votado e, dessa forma, feito presidente da Câmara Municipal.
Alto comerciante em Lavras da Mangabeira e detentor de imenso prestígio nos meios políticos do Ceará de seu tempo, Honório Correia Lima por mais de uma vez foi eleito para o cargo de Deputado Estadual, havendo tomado assento na Assembléia Legislativa do Ceará nas legislaturas de 1893 a 1897, de 1897 a 1900 e de 1901 a 1904.
Membro da Guarda Nacional da Comarca de Lavras da Mangabeira, no posto de Tenente-Coronel, em seu município exerceu as funções de Promotor Público, no período de 1901 a 1906, e as de Juiz de Direito da Comarca, posto no qual se encontrava em 1888. Em 1899 foi aclamado Presidente do Partido Republicano local, sendo posteriormente conduzido à chefia da Intendência Municipal.
Deitando influência nos primeiros escalões da administração pública estadual, na política lavrense foi um dos primeiros membros da oligarquia dos Augustos a divergir da orientação previamente traçada pelos seus antecessores, e a buscar no seio do próprio ambiente familiar a conciliação na facção marginalizada pela linha de comando imposta por Fideralina Augusto Lima e seus fiéis seguidores. Prova dessa divergência é que, tendo chegado à presidência da Câmara Municipal e à chefia do Poder Judiciário do Município ainda durante os últimos anos da Monarquia, a chefia da Intendência Municipal ele somente a alcançaria após o desempenho de três mandatos consecutivos de Deputado Estadual, e isto sob ferrenha oposição daqueles que não queriam aceitar a sua liderança.
Entretanto, terminou se consolidando no posto de líder, e no posto de líder foi um intransigente na busca da afirmação dos seus ideais e dos seus próprios interesses, não demovendo um passo sequer para ceder ao adversário as posições políticas conquistadas. E tanto que, do cargo de Intendente, em 26 de novembro de 1907, teve que ser deposto à bala por sua própria mãe, Dona Fideralina Augusto Lima e seu irmão Coronel Gustavo Augusto Lima, embora instantes após a derrota tenha de comum acordo liquidado as transações comerciais que mantinha com o irmão adversário e providenciado sua transferência imediata para Fortaleza, de onde não mais regressou à cidade natal, aqui havendo falecido aos 3 de dezembro de 1938.
Em Fortaleza, além de político, veio a se destacar como comerciante, havendo, igualmente, se exercitado nas lides de jornalismo. Com o conhecido publicista Elcias Lopes, fundou, dirigiu e redatoriou o Jornal do Norte, cujo primeiro número circulou na capital cearense, aos 12 de abril de 1917.
Afastado da vida parlamentar, garantiu a seu filho Ildefonso Correia Lima a posse da cadeira que anteriormente ocupava na Assembléia Legislativa do Ceará, nas legislaturas de 1905 a 1908 e de 1909 a 1912 o que lhe assegura o domínio de uma cadeira de Deputado Estadual por vinte sucessivos e ininterruptos anos.

Fonte: MACEDO, Dimas. Lavrenses Ilustres. P, 40.


ISABEL AUGUSTO DOS SANTOS.

Filha de Fideralina Augusto Lima e Major Idelfonso Correia Lima. Casada com Joaquim de Boaventura Bastos, de tradicional família do Icó, em primeiras núpcias, e com Antônio Luís Ferreira dos Santos, natural de Cascavel, em segundas núpcias.
Fonte: AUGUSTO, Rejane. Lavras da Mangabeira - Um marco histórico. p, 16.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

FIDERALINA AUGUSTO LIMA

Nasceu na Vila de São Vicente Férrer das Lavras, no dia 24 de agosto de 1832, filha de Isabel Rita de São José e do Major João Carlos Augusto.
Pelo lado materno, era bisneta de Francisco Xavier Ângelo, Capitão-Mor e Comandante-Geral da Vila de São Vicente Férrer das Lavras. Filha mais velha dentre os onze irmãos. Casada com o Major Ildefonso Correia Lima, Capitão da 1ª Companhia do Batalhão nº 28 e Major Fiscal da Guarda Nacional de Lavras. Tiveram doze filhos. Senhora de inúmeras propriedades rurais no município e prédios residências na Vila, muito gado e muitos negros que o serviam como escravos. Criou seus filhos sozinha, pois ficou viúva muito cedo, deu-lhes rígida educação que primava pelo respeito e obediência. Gostava de trabalhos manuais, como fiar, fazer varanda de rede. Era muito religiosa, rezava o Ofício de Nossa Senhora e, quinzenalmente, assistia a missa que mandava celebrar na capela da sua propriedade (Tatu). Teve uma participação ativa na vida política e social do Ceará, com todas as prerrogativas de coronel latifundiário. Sendo respeitada como tal. Fideralina levava sempre consigo um bacamarte ou garrucha, nas caminhadas andava a cavalo ou de liteira, contava para sua guarda e proteção, homens corajosos e hábeis no manejo das armas, conhecidos como “os cabras de Dona Fideralina”. Faleceu no dia 16 de janeiro de 1919, no Sítio Tatu, em Lavras da Mangabeira.

A Força de Dona Fideralina I


A força que Dona Fideralina exercia em Lavras era de um verdadeiro coronel. A primeira foi 26 de novembro de 1907, quando seu filho, Cel. Honório Correia Lima, chefe do partido governista, foi deposto pela força do bacamarte de Dona Fideralina, que estava a frente do combate junto com seu filho Cel. Gustavo e o Intendente Municipal, Manoel José de Barros, por ela indicado para o cargo. Fato noticiado pelos jornais da época. O Cel. Honório ocupava largo espaço político com as posições conquistadas ao longo dos anos. Só esqueceu-se que aquela situação lhe fora propiciada por sua mãe, a quem cabia, de fato, o comando. A partir do momento em que Cel.Honório passou a divergir de Fideralina, foi forçado a deixar a chefia do partido. Foi deposto e substituído pelo irmão, Cel. Gustavo, detentor da confiança da mãe.


A Força de Dona Fideralina II


Do episódio da deposição de Honório deriva a briga de Fideralina com sua irmã Pombinha. Era privilégio da matriarca orientar os casamentos da família; destinou ela a Honório e Gustavo, as filhas de Pombinha, Petronila e Joaninha, primos em primeiro grau. E, para mal de Fideralina, o filho que ela escorraçara de Lavras era o genro preferido de pombinha, que jamais lhe perdoou a ofensa. Na primeira vez em que Fideralina perdeu o poder no município, para os rabelistas, a irmã atravessou a cidade de joelhos, em direção à igreja. Defronte ao altar de São Vicente, ficou beijando o chão em sinal de agradecimento. E quando, antes de morrer, Fideralina pediu a presença da irmã, obteve fria e dura resposta: “Se ela quer me pedir perdão, diga que perdôo”. Mas ir vê-la, diga que não vou.


O Assassinato do neto de Dona Fideralina!


Ildefonso Lacerda Leite, médico que logo depois de formado pela Faculdade do Rio de Janeiro, começou a exercer a profissão em Princesa, terra de seu pai, Luiz Leônidas Lacerda Leite, marido de Joana Augusto Leite, filha de Fideralina. Lá, Ildefonso casou-se com Dulce Campos, filha de um chefe político do município, Cel. Erasmo Alves Campos. Com esse casamento o doutor arranjou um inimigo, Manoel Florentino que desejava ter Dulce por esposa e enraivado ao vê-la se casar com um forasteiro juntou-se a José Policarpo, ex-aluno do Seminário da Paraíba e ligado ao vigário de Princesa, Pe. Manoel Raimundo Donato Pita e resolveu se vingar de Ildefonso. Em 6 de janeiro, feriado de Dia de Reis, Florentino e Policarpo mataram com uma punhalada no peito e um tiro no coração, o neto de Fideralina. O moço ia à farmácia providenciar remédios para aliviar aos antojos da mulher. Após o crime tentaram os criminosos enterrar o cadáver. Mas, por imperícia deixaram o corpo com os pés de fora. Vingança pior aguardava a dupla de assassinos!
Tá aqui que Dona Fideralina mandou!
Dona Fideralina reuniu no Sítio Tatu os cem cabras que havia conseguido juntar com a ajuda de outros coronéis da região. Tudo isso, para vingar a morte do seu neto. Ildefonso Lacerda Leite, assassinado em Princesa - Pb. A Velha Fideralina despachara seu estranho exército com a incumbência de lhe trazer as orelhas de cada um dos assassinos do neto. Não era à toa que se dizia nas Lavras que a velha do Tatu rezava toda noite num rosário feito das orelhas dos seus inimigos mortos. Depois dos seus cabras entrarem em Princesa e fazer o serviço, arrancaram as orelhas dos assassinos do neto da matriarca e disseram a célebre frase: “Tá aqui que Dona Fideralina mandou!”. Esse crime de princesa, ocorrido em 1903, marca o início da projeção de Dona Fideralina para além dos sertões do Cariri, e a extensão da sua influência junto ao governo do Estado do Ceará.


Fideralina e seu inimigo Mons. Miceno!


Herdeira de dois grandes chefes, acostumada ao poderio, não admitia oposição. Sendo preciso, esqueceria a religião e lutaria contra a Igreja. Mons. Miceno Clodoaldo Linhares, vigário em Lavras por 49 anos, de 1879 a 1925, que ousou opor-se a Fideralina, provou-lhe o ódio. Era conhecido pela sua retidão de caráter, pela facilidade para o discurso, tinha admiração do clero. Mas tinha uma mancha na vida. Quando jovem, tivera uma filha em Tauá. Fideralina levou a peito tornar público o erro do vigário. Mons. Miceno, ao partir de Lavras, profetizou que as crianças daquela época veriam a queda de Fideralina. Errou: Passou-se muito tempo até o dia em que ela, ou os seus, não conseguiram mais eleger o prefeito.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

DESCENDÊNCIA

Quatro netas maternas de Francisco Xavier Ângelo, e filhas do Capitão Manuel Rodrigues da Silva e Ana Josefa da Conceição, dsa quais procede boa parte da gens de Lavras da Mangabeira, procriam bem depois da ereção da Freguesia (1813) e da Vila (1816). Foram elas: Hermenegilda Rita de São José (Bembém) casou a primeira vez em 15 de janeiro de 1839. O rebento de Isabel Rita de São José (Zabelinha), de nome Fideralina, que mais tarde se tornaria na célebre Dona Fideralina Augusto Lima, nasceu aos 24 de agosto de 1832. Jerônima Josefa da Conceição ou Jerônima Correia Lima (Gila) contraiu núpcias em 5 de outubro de 1845. Quanto a Senhorinha Rodrigues da Silva ou Senhorinha Rita de São José, ou ainda, Senhorinha de Sousa Matos (Sinhá), nenhum registro se deparou, senão o do faleciemnto de seu marido, Alferes José de Sousa Matos, ocorrido em 8 de dezembro de 1858, contando ele, então, sessenta anos de idade. Tendo o seu casamento coincidido com a criação da Freguesia.
É Evidente, que, em tempo algum, houve em Lavras da Mangabeira, uma só família, emanada das quatros irmãs enfocadas.
1804 - Nasceu João Carlos Augusto, filho de Francisco de Oliveira Banhos e Ana Rosa de Oliveira Banhos, tendo recebido, na pia batismal, o nome do padrinho, o segundo Governador da Capitania do Ceará, João Carlos Augusto de Oyenhausen e Gravemburg. Major da Guarda Nacionla da Vila de Lavras, contraiu núpcias, em 1831, com Isabel Rita de São José (Zabelinha), lavrense, filha do Capitão Manuel Rodrigues da Silva e Ana Josefa da Conceição. Foram pais de:
1. Fideralina Augusto Lima (Fidera ou Didinha) - Casada com o Major Idelfonso Correia Lima.
2. Floripes Augusto de Aquino (Lura) - Casada com Raimundo Tomás de Aquino.
3. Raquel Augusto Leitão (Keké) - Casada com Pedro Gomes Leitã.
4. Ernesto Carlos Augusto - Casado com Vicência Maria da Conceição.
5. Minervina Augusto Brasil (Vinta) - Casada com Henrique Luís da Silva Brasil.
6. Dulcéria Augusto de Oliveira (Pombinha) - Casada com o Tenente-Coronel Simplício Carneiro de Oliveira.
7. Cícero Carlos Augusto - Casado com Maria Senhorinha Brasil.
8. Rita Augusto Pinto (Sidom) - Casada com Antônio Pinto Teixeira Filho, em primeiras núpcias, e com Eufrásio Gonçalves da Silva em segundas.
9. Antônio Carlos Augusto (Boboi ou Caboclo Carlos) - Casado com Ana de Araújo Lima(Nanu).
10. Amélia Augusto de Maria (Nen) - Casada com Antônio de Oliveira Banhos, viúvo de sua irmã Teolinda Augusto Banhos.
11. Teolinda Augusto Banhos (Ió) - Casada com Antônio de Oliveira Banhos.
Como é evidente, o casal Major João Carlos Augusto e Isabel Rita de São José formam o tronco da família Augusto.
Fonte: MACEDO, Joaryvar. São Vicente das Lavras. p, 31.
MAJOR JOÃO CARLOS AUGUSTO
Chefe político de grande prestígio e de imensa projeção na vida política e administrativa da província, nasceu João Carlos Augusto na então Povoação de São Vicente Férrer das Lavras da Mangabeira, mais precisamente em 1804, recebendo na pia batismal o nome do padrinho, o segundo governador da Capitania do Ceará, João Carlos Augusto de Oyenhausen e Gravemburg – Marquês de Aracati.
Filho legítimo de Francisco de Oliveira Banhos e de Ana Rosa de Oliveira Banhos, naturais da região do Médio Salgado, em sua terra de berço desempenhou múltiplas e variadas atividades, entre elas a de inventariante de sua irmã Cosma Francisca de Oliveira Banhos, segunda mulher do Capitão-Mor Francisco Xavier Ângelo, barbaramente assassinada, em Lavras da Mangabeira, aos 02 de abril de 1831.
Ainda no mesmo ano de 1831, na Igreja da Matriz de São Vicente Férrer das Lavras, matrimoniou-se com Isabel Rita de São José, filha de Ana Josefa da Conceição e do Capitão Manoel Rodrigues da Silva, constituindo o casal tronco da família Augusto, de Lavras da Mangabeira, uma das mais destacadas oligarquias cearense.
Espírito combativo a quem muito interessava a política do Ceará, João Carlos Augusto por mais de uma vez tomou assento como Deputado na Assembléia Provincial Cearense, nas legislaturas de 1850 a 1851 e de 1852 a 1853.
Major da Guarda Nacional da Vila de Lavras ali foi feito Juiz Municipal Suplente, Delegado de Polícia demitido do cargo a 14 de dezembro de 1849, Vereador e Presidente da Câmara Municipal, Coletor das Rendas Gerais e Provinciais, e Juiz Comissário da revisão dos açudes do termo de Lavras, por portaria de 10 de fevereiro de 1844.
O Major João Carlos Augusto foi em sua época um autêntico representante da aristocracia feudal e uma espécie de chefe supremo da Vila de São Vicente das Lavras, sobre cujo município estendeu seus domínios latifundiários e políticos.
Outrossim, participou ativamente da guerra civil absolutista do Coronel Pinto Madeira, desencadeada no Ceará em 1832 e que abalou as estruturas do Império, e da qual a Vila de Lavras, sob seu absoluto comando, seria um dos mais destacados cenários e um dos principais pontos de resistência, dominada pela facção revolucionária e finalmente ocupada pelas tropas legalistas aos 21 de março de 1832.
Patriarca de uma numerosa prole referta de rebentos ilustres, de políticos destemidos e intransigentes, pai da famanaz Dona Fideralina Augusto Lima, senhor absoluto dos destinos do seu município e homem de cúpula nos altos escalões da política provincial cearense, o Major João Carlos Augusto faleceu na terra que lhe serviu de berço, com 52 anos incompletos, aos 19 de abril de 1856, segundo observações de Hugo Victor Guimarães.
Fonte: MACEDO, Dimas. Lavrenses Ilustres. p, 25.











segunda-feira, 8 de setembro de 2008

FRANCISCO XAVIER ÂNGELO

Francisco Xavier Ângelo

Francisco Xavier Ângelo, capitão-mor da Vila de São Vicente das Lavras, natural de Mamanguape, filho natural de Ana Maria Cardoso. O primeiro matrimônio de Xavier Ângelo foi no dia 19 de abril de 1773, pelas cinco horas da madrugada, na Igreja Matriz do Icó, com Ana Rita de São José, natural da Freguesia do Icó e filha legítima do Sargento-Mor Francisco de Oliveira Banhos e Maria José Jesus. Receberam as bênçãos conforme Ritual Romano do reverendo Vigário Félix José de Morais. Desse matrimônio nasceram os filhos dos quais descendem as famílias de Lavras da Mangabeira. Pe. Joaquim José Xavier Sobreira (Membro da Constituinte de 1822, no Rio de Janeiro); Pe. Cosme Francisco Xavier Sobreira; Pe. Francisco Xavier Gonçalves Sobreira; Antônia Francisca Cândida; Manuel Joaquim Xavier Sobreira; Ana Josefa da Conceição; Manuela Francisca de São José. Muitas foram às tragédias que sucederam nessa família como também muitas glórias. Aos 28 de abril de 1817, faleceu Ana Rita, esposa de Xavier Ângelo, moradores do Sítio Logradouro, de 58 anos de idade. No dia 27 de outubro do mesmo ano, Francisco Xavier Ângelo contraiu segundas núpcias com Cosma Francisca d'Oliveira Banhos, lavrense, filha de Francisco de Oliveira Banhos e Ana Rosa de Oliveira Banhos e irmã do Major João Carlos Augusto. Xavier Ângelo, morre em 1827, em conseqüência de traumatismo moral, ocasionado pela infidelidade da jovem esposa. Segunda tradição lavrense, o Capitão ter-se-ia confinado em um dos aposentos de sua casa de residência, no Sítio Logradouro, morrendo dias depois.
Fonte: MACEDO JOARYVAR. São Vicente das Lavras. p. 46