quarta-feira, 10 de setembro de 2008

FIDERALINA AUGUSTO LIMA

Nasceu na Vila de São Vicente Férrer das Lavras, no dia 24 de agosto de 1832, filha de Isabel Rita de São José e do Major João Carlos Augusto.
Pelo lado materno, era bisneta de Francisco Xavier Ângelo, Capitão-Mor e Comandante-Geral da Vila de São Vicente Férrer das Lavras. Filha mais velha dentre os onze irmãos. Casada com o Major Ildefonso Correia Lima, Capitão da 1ª Companhia do Batalhão nº 28 e Major Fiscal da Guarda Nacional de Lavras. Tiveram doze filhos. Senhora de inúmeras propriedades rurais no município e prédios residências na Vila, muito gado e muitos negros que o serviam como escravos. Criou seus filhos sozinha, pois ficou viúva muito cedo, deu-lhes rígida educação que primava pelo respeito e obediência. Gostava de trabalhos manuais, como fiar, fazer varanda de rede. Era muito religiosa, rezava o Ofício de Nossa Senhora e, quinzenalmente, assistia a missa que mandava celebrar na capela da sua propriedade (Tatu). Teve uma participação ativa na vida política e social do Ceará, com todas as prerrogativas de coronel latifundiário. Sendo respeitada como tal. Fideralina levava sempre consigo um bacamarte ou garrucha, nas caminhadas andava a cavalo ou de liteira, contava para sua guarda e proteção, homens corajosos e hábeis no manejo das armas, conhecidos como “os cabras de Dona Fideralina”. Faleceu no dia 16 de janeiro de 1919, no Sítio Tatu, em Lavras da Mangabeira.

A Força de Dona Fideralina I


A força que Dona Fideralina exercia em Lavras era de um verdadeiro coronel. A primeira foi 26 de novembro de 1907, quando seu filho, Cel. Honório Correia Lima, chefe do partido governista, foi deposto pela força do bacamarte de Dona Fideralina, que estava a frente do combate junto com seu filho Cel. Gustavo e o Intendente Municipal, Manoel José de Barros, por ela indicado para o cargo. Fato noticiado pelos jornais da época. O Cel. Honório ocupava largo espaço político com as posições conquistadas ao longo dos anos. Só esqueceu-se que aquela situação lhe fora propiciada por sua mãe, a quem cabia, de fato, o comando. A partir do momento em que Cel.Honório passou a divergir de Fideralina, foi forçado a deixar a chefia do partido. Foi deposto e substituído pelo irmão, Cel. Gustavo, detentor da confiança da mãe.


A Força de Dona Fideralina II


Do episódio da deposição de Honório deriva a briga de Fideralina com sua irmã Pombinha. Era privilégio da matriarca orientar os casamentos da família; destinou ela a Honório e Gustavo, as filhas de Pombinha, Petronila e Joaninha, primos em primeiro grau. E, para mal de Fideralina, o filho que ela escorraçara de Lavras era o genro preferido de pombinha, que jamais lhe perdoou a ofensa. Na primeira vez em que Fideralina perdeu o poder no município, para os rabelistas, a irmã atravessou a cidade de joelhos, em direção à igreja. Defronte ao altar de São Vicente, ficou beijando o chão em sinal de agradecimento. E quando, antes de morrer, Fideralina pediu a presença da irmã, obteve fria e dura resposta: “Se ela quer me pedir perdão, diga que perdôo”. Mas ir vê-la, diga que não vou.


O Assassinato do neto de Dona Fideralina!


Ildefonso Lacerda Leite, médico que logo depois de formado pela Faculdade do Rio de Janeiro, começou a exercer a profissão em Princesa, terra de seu pai, Luiz Leônidas Lacerda Leite, marido de Joana Augusto Leite, filha de Fideralina. Lá, Ildefonso casou-se com Dulce Campos, filha de um chefe político do município, Cel. Erasmo Alves Campos. Com esse casamento o doutor arranjou um inimigo, Manoel Florentino que desejava ter Dulce por esposa e enraivado ao vê-la se casar com um forasteiro juntou-se a José Policarpo, ex-aluno do Seminário da Paraíba e ligado ao vigário de Princesa, Pe. Manoel Raimundo Donato Pita e resolveu se vingar de Ildefonso. Em 6 de janeiro, feriado de Dia de Reis, Florentino e Policarpo mataram com uma punhalada no peito e um tiro no coração, o neto de Fideralina. O moço ia à farmácia providenciar remédios para aliviar aos antojos da mulher. Após o crime tentaram os criminosos enterrar o cadáver. Mas, por imperícia deixaram o corpo com os pés de fora. Vingança pior aguardava a dupla de assassinos!
Tá aqui que Dona Fideralina mandou!
Dona Fideralina reuniu no Sítio Tatu os cem cabras que havia conseguido juntar com a ajuda de outros coronéis da região. Tudo isso, para vingar a morte do seu neto. Ildefonso Lacerda Leite, assassinado em Princesa - Pb. A Velha Fideralina despachara seu estranho exército com a incumbência de lhe trazer as orelhas de cada um dos assassinos do neto. Não era à toa que se dizia nas Lavras que a velha do Tatu rezava toda noite num rosário feito das orelhas dos seus inimigos mortos. Depois dos seus cabras entrarem em Princesa e fazer o serviço, arrancaram as orelhas dos assassinos do neto da matriarca e disseram a célebre frase: “Tá aqui que Dona Fideralina mandou!”. Esse crime de princesa, ocorrido em 1903, marca o início da projeção de Dona Fideralina para além dos sertões do Cariri, e a extensão da sua influência junto ao governo do Estado do Ceará.


Fideralina e seu inimigo Mons. Miceno!


Herdeira de dois grandes chefes, acostumada ao poderio, não admitia oposição. Sendo preciso, esqueceria a religião e lutaria contra a Igreja. Mons. Miceno Clodoaldo Linhares, vigário em Lavras por 49 anos, de 1879 a 1925, que ousou opor-se a Fideralina, provou-lhe o ódio. Era conhecido pela sua retidão de caráter, pela facilidade para o discurso, tinha admiração do clero. Mas tinha uma mancha na vida. Quando jovem, tivera uma filha em Tauá. Fideralina levou a peito tornar público o erro do vigário. Mons. Miceno, ao partir de Lavras, profetizou que as crianças daquela época veriam a queda de Fideralina. Errou: Passou-se muito tempo até o dia em que ela, ou os seus, não conseguiram mais eleger o prefeito.

2 comentários:

George disse...

JOAQUIM BASTOS GONÇALVES

Filho de Vicente Gonçalves de Paula e de Fideralina Bastos de Paula (descendente do Visconde de Icó, o Coronel Francisco Fernandes Vieira e de Fideralina Augusto Lima). Nasceu a 07.12.1895, em Icó-CE, e faleceu a 12.11.1959, em Fortaleza-CE.

Advogado. (Formado pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará, em 1919). Como acadêmico exercia o cargo de amanuense da Assembléia Legislativa, o que lhe permitia meios materiais para a manutenção e continuação dos estudos, para o que sempre teve, desde criança, natural inclinação.

Foi Fiscal Geral do Recenseamento (nomeado em 1922), no norte do Estado, recebendo do Ministério da Agricultura uma medalha de bronze em recompensa pelos relevantes serviços prestados nessas funções; Promotor de Justiça da comarca de Barbalha-CE (nomeado em 1922, e depois removido para a comarca de Camocim-CE); Juiz Municipal de Tianguá-CE; Prefeito Municipal de São Benedito-CE (eleito em 1928 como candidato único); Deputado Estadual eleito para a legislatura 1929-1932, ocupando o lugar de 2º Vice-presidente (dissolvido pelo golpe de Estado de 1930), quando voltou ao exercício da advocacia até 1935. Novamente voltou a ter assento na Assembléia Constituinte, nela exercendo o cargo de 1º Secretário. Extinta também, pelo golpe de Estado de 1937, foi em seguida nomeado Diretor, e depois, Delegado do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários, com jurisdição nos Estados do Ceará, Piauí e Maranhão, funções que deixou por haver sido nomeado Juiz do Tribunal Regional Eleitoral, solicitando dispensa em outubro de 1945; Ministro do Tribunal de Contas do Estado (nomeado, tomando posse em fevereiro de 1946); Presidente da Constituinte de 1947 (eleito - assumiu, nesse caráter, o Governo do Estado, no qual permaneceu durante a ausência do Governador, Desembargador Faustino de Albuquerque e Souza, de 19 de março a 11 de abril). Foi reeleito Presidente para a Assembléia Legislativa Ordinária.

Candidatou-se a Deputado Federal nas eleições de 1950, mas ficou como 1º suplente, tendo, no entanto, assumido o mandato em 1951. Permaneceu como Presidente da Assembléia nos anos de 1948 e 1949. Durante o Governo Raul Barbosa, foi nomeado Secretário de Estado dos Negócios do Interior e Justiça, tendo ocupado interinamente os cargos de Secretário de Polícia e Segurança Pública (por duas vezes); Secretário da Agricultura e Obras Públicas; e Secretário da Fazenda.

Afastou-se definitivamente da vida pública no ano de 1955.

jo malicha disse...

Fortaleza, abril de 2013

Caro(a) Senhor(a),

Sou professor da Universidade Estadual do Ceará e, no momento, estou produzindo uma obra intitulada Quantos Brasis, de certo modo inédita no País, por tratar-se de uma abordagem interdisciplinar de Literatura, Geografia e História, que deverá ultrapassar, no total, 2.000 páginas e contempla, de per si, cada uma das cinco regiões brasileiras: Sul, Sudeste, Nordeste, Norte e Centro-Oeste.

Por tratar-se de uma obra volumosa e realizada com recursos de um professor universitário e alguns simbólicos patrocínios, venho solicitar a V. Sa. o nome e, se possível, o contato do autor da imagem encontrada na URL http://famliaaugusto.blogspot.com.br/2008/09/fideralina-augusto-lima.html, para que possamos pedir a devida autorização para publicá-la em nosso trabalho.

Estamos dando, como é justo além de legal, o devido crédito ao autor de cada fotografia (obra de arte), momento em que aproveitamos para agradecer seu gesto de compreensão e colaboração com esta iniciativa cultural.

Gratíssimo,
Prof. Francisco Coêlho Sampaio